Dando continuidade às ações em prol da equidade regional na saúde, a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) esteve em Porto Alegre (RS) nos dias 14 e 15 de maio. Assim como fez anteriormente em Natal (RN) e Belém (PA), a associação promoveu visitas técnicas a serviços de hematologia e hemoterapia e realizou um dia de programação com debates voltados à realidade local.
A escolha da capital gaúcha para sediar o Fórum de Acesso e Equidade levou em conta o contexto atual do estado, ainda fortemente impactado pela maior enchente de sua história. A crise climática afetou significativamente o sistema de saúde, tornando ainda mais relevante a discussão sobre acesso, estrutura e integração dos serviços. Além das três capitais já mencionadas, a ABHH também realizou visitas semelhantes a Manaus (AM) e Recife (PE), ações que buscam compreender as especificidades regionais da assistência hematológica.
Em Porto Alegre, no dia 14, a comitiva da ABHH visitou três instituições representativas dos diferentes perfis de gestão: o Hospital Nossa Senhora da Conceição (100% SUS), o Hospital Mãe de Deus (privado) e a Santa Casa de Misericórdia (filantrópica). “Fiquei particularmente impressionado com a estrutura das três instituições, especialmente com a ala nova de onco-hematologia do [Hospital] Conceição”, destacou o presidente da ABHH, Dr. Angelo Maiolino.
“O que se observou [durante as visitas] aqui em Porto Alegre é resultado do esforço coletivo, do esforço das equipes multidisciplinares e da importância que a Hematologia e o cuidado com o paciente tem ganhado a merecida importância no cenário nacional e mundial”, pontuou o Dr. Marcelo Capra, hematologista, coordenador do Fórum de Acesso e Equidade em Porto Alegre, integrante do Comitê de Equidade da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) e que atua nas três instituições visitadas.
Fórum rico em debates diversos
A programação do Fórum, realizado no dia 15, incluiu temas como a implementação da Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC), a organização dos serviços onco-hematológicos nos CACONs e UNACONs e o uso da inteligência artificial na navegação de pacientes. “A Política funciona como um instrumento de cobrança e melhoria, e o Fórum é uma oportunidade para discutir formas concretas de aplicá-la nos serviços locais”, afirmou Capra.
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Apesar dos avanços, a região Sul ainda enfrenta gargalos, como a escassez de leitos para transplante de medula óssea, o acesso limitado a medicamentos de alto custo, a necessidade de exames diagnósticos mais sofisticados e a baixa integração entre os níveis de atenção. “Esses desafios não são exclusivos do Sul. Refletem uma realidade nacional que exige articulação entre sociedade civil, poder público e entidades médicas”, completou o coordenador do evento. Outro destaque foi a palestra sobre emergências em saúde pública, que abordou os aprendizados da catástrofe climática recente no RS e propôs estratégias para adaptação dos serviços e aprimoramento do cuidado no cotidiano do SUS.
Outro ponto de destaque durante a programação foi a palestra sobre sobre emergências em saúde pública, com aprendizados extraídos da recente catástrofe climática no RS. A aula “Aprendizados sobre emergências em saúde pública frente às situações de desastres” propôs reflexões sobre como adaptar os serviços a cenários extremos, mas também sobre como otimizar rotinas para melhorar o cuidado no cotidiano dos pacientes do SUS.
“O Fórum é uma ação concreta do Comitê de Equidade da ABHH, criado em 2023. Com eventos e visitas regionais, conseguimos compreender as diferentes realidades que um país de dimensões continentais enfrenta”, afirmou o Dr. Renato Tavares, coordenador do comitê. Segundo ele, além das visitas e fóruns, a ABHH aplicou um questionário nacional para mapear os desafios da área, cujos resultados serão apresentados durante o congresso HEMO 2025.
O Fórum de Acesso e Equidade: Região Sul foi transmitido ao vivo pelo canal da ABHH no YouTube (https://youtube.com/@abhh.oficial) e está disponível para quem quiser reassistir.