Com dois dias de intensa troca científica e mais de 750 participantes do Brasil e do exterior, o III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo reafirmou seu papel como espaço estratégico de atualização, padronização e avanço técnico na área. Realizado pela ABHH e pelo Grupo Brasileiro de Citometria de Fluxo (GBCFLUX), o evento reuniu nomes de destaque nacional e internacional, promovendo discussões de alto nível técnico e clínico.
Na abertura, nesta sexta-feira (6), o presidente da ABHH, Dr. Ângelo Maiolino, destacou: “O Simpósio já é muito tradicional e possui grande consistência científica. A ABHH tem um grande trabalho em seus pilares científico, educacional e social, sendo esse evento um exemplo disso.” A coordenadora do evento, Dra. Miriam Perlingeiro Beltrame, agradeceu a todos os palestrantes e moderadores, frisando a importância dos debates ao vivo. A Dra. Maura Ikoma Colturato apresentou a missão do GBCFLUX: “Visamos congregar os especialistas e estimular o progresso técnico e científico da citometria no Brasil.”
No primeiro dia, a mesa sobre Doença Residual Mensurável (DRM) contou com a Dra. Sindhu Cherian (EUA) e o Dr. Alberto Orfao (Espanha), que afirmou: “O estudo da doença residual é um dos principais fatores prognósticos na LLA. Ele nos permite estratificar o risco e individualizar o tratamento.” A mesa seguinte abordou Neoplasias Linfóides Maduras com participações da Dra. Min Shi (EUA), Dra. Noelia Barone Silva (Uruguai) e Dra. Elsa Maitre (França), que pontuou: “Na maioria dos casos, a classificação das leucemias de células pilosas é simples, mas os casos atípicos exigem contato com centros de referência.”
As Neoplasias Mielóides foram tema da terceira mesa, com contribuições da Dra. Marisa Westers (Países Baixos), Dr. Alex Freire Sandes, Dr. Alberto Orfao e Dr. Sergio Matarraz (Espanha): “Precisamos identificar não apenas as células precursoras das neoplasias mielodisplásicas, mas também as diferentes linhagens envolvidas.” No encerramento do dia, a mesa sobre tumores pediátricos e adultos reuniu Dra. Cristiane de Sá Ferreira-Facio, Dra. Robéria Mendonça, Dr. Pedro Henrique Pinto e Dra. Maria Cláudia Santos da Silva, que afirmou: “Diversos estudos vêm padronizando a citometria para tumores sólidos. É uma ferramenta rápida e eficaz na detecção de células neoplásicas.”
O segundo dia trouxe temas como validação analítica, DRM em LMA e ontogenia das células T. A Dra. Julia Almeida (Universidade de Salamanca), referência internacional na área, destacou: “Estudar como as células T se desenvolvem no timo é essencial para entender sua função imunológica e seu papel em neoplasias hematológicas.” Já a Dra. Julie Justus (PR) reforçou: “A reconstituição imunológica tem sido reconhecida como um fator crucial para o pós-transplante do paciente.” E o Dr. Dewton Vasconcelos (SP) explicou: “As funções básicas da resposta imunológica são o reconhecimento de um antígeno isolado dentro de uma mídia de antígenos [...] para destruí-lo, caso seja patogênico, permitindo a reconstrução que tenha sido lesada por esse agente ou pela própria resposta imunológica desregulada, levando à proteção do indivíduo.”
Também foram compartilhadas reflexões técnicas importantes. “A avaliação da variabilidade e da repetibilidade é fundamental para garantir confiabilidade clínica”, afirmou Kern Wolfgang. “A documentação detalhada é parte central da validação; sem ela, não há precisão no diagnóstico”, completou Andrea Illingworth. “A padronização dos testes entre laboratórios é o que garante reprodutibilidade e reduz falsos negativos”, afirmou Sylvie Freeman. Já Ian Antunes (USP) pontuou: “O aprendizado de máquinas para análises está em estágio de métodos bastante avançados atualmente.” Maria Daniela Perico (HEMOSC) lembrou: “É importante distinguir a Leucemia Linfocítica Granular de Células T da proliferação reativa de LGL, que é frequente, particularmente em infecções virais, doenças autoimunes, após esplenectomia ou em pacientes pós-transplante.” E Ahmad Al-Attar (University of Pittsburgh Medical Center) concluiu: “Todas as vezes que compramos um equipamento novo, nossas equipes também precisam se aprimorar.”
O evento contou com o patrocínio da AstraZeneca e Amgen, e apoio da Beckman Coulter, BD, Controllab, Febrararas, GSH e do próprio GBCFLUX. A ABHH agradece aos palestrantes, participantes e apoiadores por mais uma edição marcada pela excelência técnica, atualizações clínicas e compromisso com o avanço da citometria de fluxo no Brasil.